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religare (2020 - em andamento)

num período de privações de convívio social (quarentena do coronavírus, 2020-21), nossa existência tornou-se fragmentária e a reconexão com lugares de afeto tornou-se medida de sobrevivência. sem acesso ao mundo externo, busquei encontrar espaços do fabular no diálogo entre coisas e fotografias de arquivo de família, elegendo o mar como fio condutor.

esta é uma série de imagens em que utilizo o recurso da montagem para tensionar o diálogo entre a passagem do tempo e a energia sutil impregnada nas coisas que permeiam o nosso entorno, buscando aprofundar a investigação sobre o animismo e sobre a potência comunicacional e de arrebatamento dos itens ditos inanimados e o ambiente que a tudo e todos interliga - o ar, o mar, a terra.

 

roupas que ficaram, fotografias de arquivo, pedrinhas e gravetos. tudo aquilo que nada serve ao olhos mais apressados, mas que como bem escreveu Manoel de Barros, servem bem à poesia. alçadas ao posto de protagonista da narrativa visual, deixando a representação do humano de lado, as coisas nos chamam pelo nome. essas imagens também buscam convidar o olhar para uma conversa silenciosa que se desenrola por dentre as camadas de vida existente na superfície das coisas - essas aqui entendidas como coisas livres e vivas, ativadas pela energia de quem com elas em vida se deu, refletindo sobre o legado, rastros e marcas que deixamos no mundo e na natureza.

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